Artigo: Nutrição na infância e sua relação com a aprendizagem
Como é do conhecimento geral, a desnutrição é reconhecida mundialmente como problema econômico- social que atinge elevado contingente da população infantil dos países subdesenvolvidos e em vias de desenvolvimento. No entanto, o que a sociedade, muitas vezes, não sabe é que essa desnutrição na fase infantil afeta severamente a capacidade intelectual das crianças para o restante de suas vidas.
A dra. Jocelem Mastrodi Salgado, professora titular de nutrição da USP, em seu artigo “A capacidade intelectual da criança é proporcional à boa alimentação” lembra que a desnutrição da criança começa ainda antes de nascer, ou seja, quando gestantes não consomem dietas balanceadas próprias para esse estágio fisiológico. Assim, a criança nasce muitas vezes com baixo peso e desnutrida e não encontra condições de recuperação na fase pós-natal para superar o problema, já que muitas vezes os fatores sócio-econômicos do seu ambiente familiar e comunitário não lhe dão condições de sobrevivência. Isso explica a alta mortalidade nos primeiros anos de vida, sendo o desnutrido, na expressão da dra. Jocelem, “um marginal, da concepção à morte”.
A pesquisadora Mirna Albuquerque Frota, comentando pesquisa realizada em Fortaleza/CE, sobre o fator que influencia na aprendizagem de crianças, escreve que a desnutrição infantil é uma das mais significativas patologias, tornando-se problema de saúde pública, que tem como uma das principais origens o fator social, que engloba as condições da qualidade de vida. Ela afirma que crianças desnutridas apresentam limitações de aprendizagem e, por isso, não respondem adequadamente aos estímulos, reduzem o interesse diante do ato de brincar e de explorar o novo.
Levantamento realizado pelo Ministério de Desenvolvimento Social - MDS (2005), em parceria com estados, municípios, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e universidades, constatou redução na desnutrição infantil no semiárido cearense. O índice, que era de 17,9% em 1996, caiu para 8,6% em 2005, dado esse justificado pelos efeitos positivos dos programas de transferência de renda, como o “Bolsa-Família” (MDS, 2005).
Trouxe esses embasamentos para contextualizar as importantes conquistas que o Brasil está alcançando na área da desnutrição infantil, que certamente devem ser creditadas às políticas públicas implantadas pelo governo federal, onde se destaca especialmente o Programa Bolsa Família, na área da alimentação básica, e cujas conquistas são agora aprofundadas pelos programas Brasil sem Miséria e Brasil Carinhoso.
Para ilustrar os efetivos e ótimos resultados alcançados pelo Brasil na melhoria da alimentação das crianças da primeira idade e cuja nova condição vai impactar significativamente a capacidade intelectual das nossas crianças, dos jovens e trabalhadores brasileiros nos próximos anos, destaco os dados estatísticos do SIAB – DATASUS, trazidos pelo Portal ODM (www.portalodm.org.br). Nos dados do Portal as conquistas podem ser constatadas nas linhas decrescentes que expressam a melhoria da nutrição das crianças, pontualmente pela diminuição dos índices de crianças desnutridas na faixa de zero a dois anos. Essa realidade pode ser verificada, invariavelmente, nos dados de todos os municípios do país.
Vejamos alguns exemplos: No município de Arcos/MG, o índice de desnutrição de crianças menores de 2 anos era de 12,5% em 2002 e em 2005 caiu para 5,8%. Já em 2011 era de apenas 0,2%. Em Itapecerica/MG em 1999 o índice era de 15.9% e em 2011 caiu para somente 0,3%. Em Fortaleza, em 2003 era de 12,3% e em 2011 somente 1,1%. Em Divinópolis/MG o índice em 2002 era de 8,6% e em 2011 de 0,6%. Em Santa Maria/RS em 1999 era de 13,6% e em 2011 somente 0,9%. Em Salvador/BA, em 1999 era de 5,9% e em 2011 de 0,7%. Em Teresinha/PI, em 2003 era de 13,3% e em 2011 apenas 1,6%. Em Porto Velho/RO, em 1999 era de 6,2% e em 2011 somente 1,0%. Em Macapá/AP era de 6,1% em 1999 e em 2011 só 0,4%. Em Brasília as crianças desnutridas, menores de dois anos, representavam 4,4% e em 2011 são apenas 0,2%. Destaco a cidade de Barracão no Paraná, que em 2000 era de 11.4%, e em 2011 foi de 0%.
Assim, pode-se verificar uma linha fortemente descendente e de melhorias em todos os municípios do Brasil, indicando uma melhor nutrição das crianças. E essas melhorias, certamente, são resultado da possibilidade de acesso a alimentos básicos proporcionados às mães pelo Programa Bolsa Família. Essa realidade pode ser verificada por qualquer cidadão no portal ODM acima referenciado.