25.03.2013 - Novos objetivos de desenvolvimento devem dar atenção a metas complementares
Date: 2013-03-25
“No PNUD, nós acreditamos ser crucial unir, em uma só, as agendas de erradicação da pobreza, da equidade social e da sustentabilidade ambiental”, diz Helen Clark
A administradora do PNUD, Helen Clark, em visita oficial à Costa Rica, fala sobre a importância dos novos objetivos de desenvolvimento na agenda pós-2015. Foto: Adriana Zúñiga / PNUD Costa Rica
A administradora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Helen Clark, participou esta semana de uma conferência na Costa Rica, para discutir a agenda pós-2015 e chamou a atenção de todos para a necessidade de novos objetivos de desenvolvimento que sejam complementares entre si e cujo foco esteja no crescimento, no combate à pobreza e na sustentabilidade.
“No PNUD, nós acreditamos ser crucial unir, em uma só, as agendas de erradicação da pobreza, da equidade social e da sustentabilidade ambiental”, declarou Helen Clark no primeiro dos dois dias do encontro realizado na capital San José.
“A sustentabilidade ambiental não pode ser um mero complemento para uma nova agenda global de desenvolvimento – ou ficar simplesmente isolada do resto”, disse Helen Clark. “A obrigação agora é avançarmos de um discurso focado em compensações entre crescimento, pobreza e meio ambiente para um discurso que procure melhorar os três segmentos de desenvolvimento sustentável de forma conjunta.”
“No PNUD, nós chamamos isso de abordagem de ‘ganhos triplos’. Nós vemos isso sendo posto em prática em uma série de países – ricos, de rendimento médio e pobres – que estão determinados a se desenvolver... de uma maneira que sustente nosso mundo para as futuras gerações.”
O Ministro em exercício de Relações Exteriores da Costa Rica, Carlos Roverssi, o enviado especial da França para a Proteção do Planeta, Nicolas Hulot, e o Diretor Executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Achim Steiner também participaram da abertura do encontro - durante o qual mais de 100 participantes de todo o mundo discutiram como uma agenda ambiental pode contribuir para o desenvolvimento global pós-2015.
“O mundo não será capaz de sustentar o progresso social e econômico se o meio ambiente estiver em ruínas. Precisamos de abordagens integradas para que o desenvolvimento sustentável endossado na Rio + 20 seja posto em prática”, disse Helen Clark.
Enquanto a proteção do meio ambiente é frequentemente vista como um obstáculo para o crescimento econômico, o crescimento que destrói ecossistemas é insustentável e agrava desigualdades, atingindo, com maior intensidade, as pessoas mais pobres do mundo.
Por exemplo, a perda de riqueza do Malawi, resultante do uso insustentável de recursos naturais, é estimada em 5,3% do PIB a cada ano – mais do que o país africano distribuiu para educação e saúde, combinados, em 2009, disse a administradora do PNUD.
A Costa Rica, ao contrário, é vista como líder em desenvolvimento sustentável através do ecoturismo, do reflorestamento, por ter um sistema inovador de pagamentos por serviços ambientais e pela iniciativa em usar 100% de fontes renováveis de energia.
Juntar os objetivos essenciais para o desenvolvimento humano com objetivos para um manejo sustentável dos recursos naturais pode significar: a inclusão de um objetivo sobre expansão do acesso à energia, acompanhado de um objetivo para a eficiência energética; a combinação de segurança nutricional e alimentar com objetivos para a produção de alimentos sustentáveis e redução de desperdício; ou incluir objetivos sobre acesso a fontes melhoradas de água com uma meta para limitar a contaminação.
Quaisquer que sejam os objetivos que seguirão os ODM, disse Helen Clark, o seu sucesso dependerá de como eles reunirão apoio internacional e compromisso com a ação.
O encontro da Costa Rica faz parte de um diálogo global sobre uma agenda futura para desenvolvimento, compreendendo consultas em quase 100 países, 11 sessões temáticas sobre ambiente, saúde, água, crescimento econômico, emprego e outros pontos, e um levantamento que convida a população a votar em 16 prioridades para o desenvolvimento.
Os resultados serão entregues ao Secretário-Geral da ONU e a lideranças mundiais, incluindo o Painel de Alto-nível para a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015, chefes de Estado e governos que comparecerem à abertura da Assembleia Geral da ONU de 2013, o Grupo de Trabalho Aberto sobre Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e outros processos.
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)
Os ODM foram definidos pela Declaração do Milênio, na qual 189 delegações nacionais se comprometeram a trabalhar rumo a oito objetivos tais como redução da mortalidade infantil e materna, expansão do acesso a água limpa e saneamento e combate à fome e à miséria extrema.
Quarenta e cinco países estão usando agora a Marco de Aceleração dos ODM, do Grupo de Desenvolvimento da ONU – desenvolvido pelo PNUD e testado em 2010 pelas Equipes de País da ONU – para identificar soluções capazes de acelerar o progresso dos ODM mais atrasados.
Com aproximadamente 1.000 dias até a data-limite dos ODM, 31 de dezembro de 2015, a proporção de pessoas vivendo em extrema pobreza é agora metade do que era em 1990, e o mundo está próximo de chegar a ver todas as crianças matriculadas no ensino fundamental. Investimentos em vacinas, mosquiteiros e nutrição têm ajudado a reduzir a mortalidade infantil nos países subsaarianos em 41%. Crianças com menos de cinco anos agora têm mais probabilidade de sobreviver em quase todos os países do mundo.
Mas em 2015, cerca de 1 bilhão de pessoas continuarão vivendo na pobreza extrema, sem água limpa ou melhores condições de saneamento. Muitos sofrerão de fome, de desnutrição, do fardo de doenças preveníveis e da discriminação de gênero, entre outros.
Fonte: www.pnud.org.br