22.04.2013 - A meta mais difícil de conquistar
Date: 2013-04-23
“Sem o pré-natal não iria descobrir que estava com pressão alta. Todas as mães devem fazer os exames.” Adriana Batista, 36 anos, mãe de Isabely, de um ano e três meses
Enquanto outros indicadores estão a caminho de serem atingidos até 2015, a redução da mortalidade materna está longe de ser alcançada
A redução do índice de mulheres que morrem por complicações durante a gravidez ou no parto é o maior obstáculo brasileiro para que todas as metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) sejam cumpridas até 2015. O desafio é reduzir em 75% o número de óbitos registrados em 1990. Segundo o Ministério da Saúde, o indicador de mortalidade materna era de 141 gestantes mortas a cada 100 mil bebês nascidos com vida. Em 2010, o total estava em 68 a cada 100 mil. A meta é diminuir para menos de 35 óbitos. “Sem o pré-natal não iria descobrir que estava com pressão alta. Todas as mães devem fazer os exames.” Adriana Batista, 36 anos, mãe de Isabely, de um ano e três meses.
A caminho
Confira como está o Brasil em relação a alguns Objetivos do Milênio, que devem ser alcançados até 2015:
• Erradicar a miséria e a fome: A redução da fome e da pobreza extrema à metade do total de 1990 foi alcançada em 2002.
• Educação básica para todos: A educação básica brasileira já atende a 98% da população, com mais de 50 milhões de crianças e jovens nas escolas.
• Igualdade entre os sexos: Entre 2003 e 2011, a população economicamente ativa feminina cresceu 17,3%, enquanto a masculina aumentou 9,7%. O desafio é reduzir a violência doméstica.
• Mortalidade infantil: A taxa de mortes de bebês com menos de 1 ano a cada mil nascidos vivos chegou a 15,6, em 2010, atingindo a meta.
• Sustentabilidade: Quanto ao desmatamento, o compromisso é alcançar uma redução de 80%. Hoje, a queda corresponde a 67%. O Brasil atingiu as metas relativas ao abastecimento de água, mas, no caso do esgoto, ainda estamos longe da universalização.
Confira como está o Brasil em relação a alguns Objetivos do Milênio, que devem ser alcançados até 2015:
• Erradicar a miséria e a fome: A redução da fome e da pobreza extrema à metade do total de 1990 foi alcançada em 2002.
• Educação básica para todos: A educação básica brasileira já atende a 98% da população, com mais de 50 milhões de crianças e jovens nas escolas.
• Igualdade entre os sexos: Entre 2003 e 2011, a população economicamente ativa feminina cresceu 17,3%, enquanto a masculina aumentou 9,7%. O desafio é reduzir a violência doméstica.
• Mortalidade infantil: A taxa de mortes de bebês com menos de 1 ano a cada mil nascidos vivos chegou a 15,6, em 2010, atingindo a meta.
• Sustentabilidade: Quanto ao desmatamento, o compromisso é alcançar uma redução de 80%. Hoje, a queda corresponde a 67%. O Brasil atingiu as metas relativas ao abastecimento de água, mas, no caso do esgoto, ainda estamos longe da universalização.
Fonte: ODM Brasil.
Depoimentos
Mães relatam a importância do pré-natal
Adriana Batista soube que estava grávida aos 35 anos, idade compreendida na faixa etária considerada de risco para mulheres terem filhos. A segurança veio a partir de um acompanhamento rotineiro com exames de pré-natal seguidos. O único susto apareceu no último mês de gestação.
“Estava com pressão alta e só descobri isso durante o pré-natal. É fundamental as mulheres terem esse cuidado”, relata. Ela ficou quatro dias em observação em um hospital de Curitiba e optou pelo parto normal. “Deu tudo certo. A recuperação é rápida e minha filha nasceu saudável”, conta. Hoje, Isabely tem um ano e três meses.
Quem tomou um susto maior foi Maria Gloss. Aos 41 anos, ela é mãe de Maria Clara, de dois meses. Além dos riscos devido à idade, ela descobriu em um exame pré-natal, no quinto mês de gravidez, que estava com toxoplasmose. Foram quatro meses de angústia.
“Fiz todo o tratamento, mas tinha medo de minha filha ter algum problema, como hidrocefalia ou problemas hepáticos”, afirma. Apenas quando a bebê nasceu é que ela se tranquilizou: Maria Clara estava totalmente saudável. “Foi um grande alívio”, diz a mãe.
“Fiz todo o tratamento, mas tinha medo de minha filha ter algum problema, como hidrocefalia ou problemas hepáticos”, afirma. Apenas quando a bebê nasceu é que ela se tranquilizou: Maria Clara estava totalmente saudável. “Foi um grande alívio”, diz a mãe.
Gestação de risco
Segundo o Ministério da Saúde, entre os fatores de risco para a gestação estão a pré-eclampsia (doença caracterizada pelo aumento da pressão arterial e aumento de peso acima de 500 gramas por semana), diabete e retardo do crescimento intrauterino. Gravidez em mulheres com menos de 15 anos e acima de 35 anos também são consideradas de maior risco, além do uso de drogas, álcool e cigarro. Abortos clandestinos também trazem preocupação. Conforme o Conselho Federal de Medicina, as cesáreas acarretam quatro vezes mais risco de infecção pós-parto e três vezes mais risco de mortalidade e morbidade (possibiliade de desenvolver doenças) materna que o parto normal.
Segundo o Ministério da Saúde, entre os fatores de risco para a gestação estão a pré-eclampsia (doença caracterizada pelo aumento da pressão arterial e aumento de peso acima de 500 gramas por semana), diabete e retardo do crescimento intrauterino. Gravidez em mulheres com menos de 15 anos e acima de 35 anos também são consideradas de maior risco, além do uso de drogas, álcool e cigarro. Abortos clandestinos também trazem preocupação. Conforme o Conselho Federal de Medicina, as cesáreas acarretam quatro vezes mais risco de infecção pós-parto e três vezes mais risco de mortalidade e morbidade (possibiliade de desenvolver doenças) materna que o parto normal.
No Paraná, a situação também é complicada. A taxa precisa cair de 90,5 para 22 mortes a cada 100 mil nascidos vivos. Em 2011, o total ficou em 51 óbitos – número ainda superior ao dobro do estimado. As metas foram estipuladas em um acordo entre 191 países, intermediado pela Organização das Nações Unidas no ano 2000. Ficou determinado que 2015 seria o ano limite para o cumprimento dos objetivos.
Segundo levantamento recente divulgado pelo Observatório de Indicadores de Sustentabilidade (Orbis), 39 cidades paranaenses não conseguirão reverter o índice de óbitos de gestantes ou de mães que morreram em até 42 dias após o parto.
Em abril teve início a contagem regressiva dos mil dias para o cumprimento das metas do milênio. Apesar dos avanços registrados, especialistas atestam que é fundamental ampliar o investimento na saúde básica, com capacitação de profissionais e investimento na infraestrutura hospitalar, além de políticas públicas que conscientizem sobre a necessidade de a gestante fazer o pré-natal.
Cesárea
Outro fator apontado como risco às gestantes é a cesárea. De 2000 a 2010, 43% dos partos foram por cesariana – índice que ultrapassa em muito os 15% considerados adequados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Outro fator apontado como risco às gestantes é a cesárea. De 2000 a 2010, 43% dos partos foram por cesariana – índice que ultrapassa em muito os 15% considerados adequados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Cesariana é uma cirurgia. Deve ser feita somente em casos necessários, com gravidez de risco. Há uma epidemia de cesárea no país, o que aumenta a chance de morte”, afirma a pesquisadora em Saúde Reprodutiva da Universidade de Campinas (Unicamp) Margareth Arilha. Segundo ela, o grande problema no país ainda é a escassez de profissionais qualificados e de unidades de saúde adequadas. “Precisa melhorar a infraestrutura”, salienta.
Para um dos articuladores do movimento Nós Podemos Paraná, que incentiva o cumprimento das metas, João Frederico Souza, o grande desafio é a aplicação eficiente dos recursos públicos. “O governo deve investir onde é mais preciso, mas isso não exclui a sociedade civil de realizar ações que possam conscientizar a população”, ressalta.
Secretaria diz que é possível cumprir meta até 2015
A superintendente de Atenção à Saúde da Secretaria de Estado da Saúde, Márcia Huçulak, acredita que o Paraná terá condições de cumprir as metas estipuladas até 2015. Isso porque, segundo ela, entre 2001 e 2010 a redução da mortalidade materna ficou praticamente estagnada. “Nesse período, a queda foi de 22%. Apenas em 2011 conseguimos registrar uma redução de 20%. Se continuarmos assim, temos chance de atingir a meta”, acredita Márcia.
A superintendente de Atenção à Saúde da Secretaria de Estado da Saúde, Márcia Huçulak, acredita que o Paraná terá condições de cumprir as metas estipuladas até 2015. Isso porque, segundo ela, entre 2001 e 2010 a redução da mortalidade materna ficou praticamente estagnada. “Nesse período, a queda foi de 22%. Apenas em 2011 conseguimos registrar uma redução de 20%. Se continuarmos assim, temos chance de atingir a meta”, acredita Márcia.
Segundo ela, grande parte da redução de óbitos de grávidas deve-se ao programa Mãe Paranaense. “Já temos 160 novas unidades de saúde com equipamentos necessários para um bom acompanhamento materno e infantil. Além disso, trabalhamos com a capacitação dos profissionais da saúde”, explica. São 2 mil servidores ligados diretamente com a saúde materna no Paraná.
Conscientização
“Nós ainda não conseguimos chegar à gestante no sentido de conscientizá-la. O que fizemos foi melhorar a atenção primária e a retaguarda de atendimento em casos de emergência”, ressalta Márcia. Ela salienta ainda que essa qualificação ocorre por meio do Programa de Apoio e Qualificação de Hospitais Públicos e Filantrópicos do Paraná (HospSus).
“Nós ainda não conseguimos chegar à gestante no sentido de conscientizá-la. O que fizemos foi melhorar a atenção primária e a retaguarda de atendimento em casos de emergência”, ressalta Márcia. Ela salienta ainda que essa qualificação ocorre por meio do Programa de Apoio e Qualificação de Hospitais Públicos e Filantrópicos do Paraná (HospSus).
De acordo com ela, o estado possui 25 hospitais de referência para atendimentos de gestantes de alto risco. “A grávida deve ter acompanhamento no pré-natal com no mínimo sete consultas e exames de classificação de risco”, afirma. De acordo com a superintendente, é necessário trabalhar na conscientização para que o número de cesarianas reduza no estado. “Muitas mulheres optam pela cirurgia, seja por medo de sentir dor ou pelo tempo que demora um parto normal, que pode chegar a 12 horas”, diz Márcia.